quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Hospital da Morte

Em 2126 o valor da vida humana já não tinha tanto valor e as legislações haviam mudado, por reivindicação do próprio povo.

O mundo estava mais superlotado que nunca. O desemprego estava em alta e já não havia perspectivas de um mundo melhor para pelo menos dois terços da população do planeta.

M. trabalhava de segunda a sábado e às vezes fazia plantões no Hospital da Morte. Ela era uma enfermeira especializada em morte. Conversava com os pacientes para assegurar que estavam prontos para a injeção letal. Não tentava convencê-los a continuar vivendo e nem a morrer. Apenas os ouvia para ter certeza de que era o que eles queriam. Havia começado em um setor burocrático do Hospital, coletando assinaturas em declarações que atestavam a vontade de o paciente morrer, mas depois fora promovida para um setor que achava mais interessante. Tendo mais tempo com os pacientes, podia ouvir várias histórias de vida e o que os motivava a decidir por aquele tipo de morte.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sonho dentro do sonho?

X. acorda e, ao levantar, percebe que a disposição dos móveis do quarto está um pouco diferente da que ele deixou quando foi dormir na noite anterior. Afasta as cortinas e se depara com uma paisagem cinza, com um denso nevoeiro e um quê de artificial. Prédios absurdamente altos. Ele não conseguia enxergar as pessoas lá embaixo. Notou um tipo de metrô aéreo muito próximo de sua janela, quando um avião em forma de trem-bala passou num piscar de olhos.

Voltou para a cama. Queria acordar no sonho anterior, quando a realidade, mesmo sendo um sonho, lhe parecia mais palpável.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Achou, é seu!

Tenho muito apego aos meus livros e o espaço em casa é pouco. Então, para praticar o desapego e, ao mesmo tempo, resolver meu problema de espaço, pensei em um projeto assim:

"Achou, é seu!".

Esse projeto consistiria em deixar livros que já li e provavelmente não releria em algum lugar público de grande circulação (por exemplo, ônibus e metrô), escrito, na parte interna: "Achou, é seu!". Teria também a página do Facebook para que as pessoas que achassem os livros pudessem comentar sobre os livros e talvez fazer o mesmo: passar os livros do projeto e outros livros que já leram adiante, deixando-os em lugares públicos. As pessoas também poderiam assinar e escrever a data nas páginas iniciais ou finais dos livros - assim saberíamos por quantas mãos determinado livro passou.

O objetivo final seria promover a leitura e a interação de leitores.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sem-teto

Uma vez estava voltando pra casa e, vendo os condomínios, comecei a imaginar se seria possível viver num deles sem ninguém saber.
Uma pessoa viveria nas áreas comuns, nas escadarias, depósitos, esses locais sem muito movimento. Como há muito desperdício de comida poderia sobreviver revirando o lixo dos andares. E teria que ter o sono leve, para perceber se tem alguém chegando perto e se esconder. Quase como um  bicho.
O cheiro seria um fator a ser levado em conta, já que poderia denunciar sua presença. Mas poderia tomar banho nos banheiros da área da piscina, por exemplo. Teria que conhecer o sistema de câmeras para saber os pontos cegos e poder se movimentar através deles.
Que tipo de situações alguém assim viveria? O que ele escutaria pelas paredes, ou nos momentos da noite que não há barulho e é possivel ouvir a vários andares de distância? O que aconteceria com ele se o descobrissem ? Como ele manteria a sanidade? Ou só a preocupação em arranjar comida e não ser pego será o suficiente para não enlouquecer ?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Humor negro

- Querida, como vai?
- Estou bem! E você? Como está o filhão?
- Ai, nem te conto. Acabamos abortando...
- O que?! Mas... como?
- Pois é. Eu e o Marcos pensamos melhor. Vimos que não estávamos preparados para ser pais. Que isso já estava mexendo com nossa vida toda. Por isso achamos melhor optar pelo aborto e tentar de novo quando formos mais maduros.
- Mas, mas, mas... Ele tinha 12 anos!
- É... Não está sendo fácil. Mas foi melhor pra gente...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Vendendo tempo

Essa idéia eu tive pela primeira vez enquanto estava num canal sobre Linux no IRC ( faz tempo, né? ) .Depois, eu escrevi na aula de espanhol. Mas nunca gostei do final. Acho que falta algo pra fechar a história.

Tempo é dinheiro

- Com licença. Eu acabei de ver o anúncio lá fora e ...
- Claro, claro! Como não? Pode se sentar, por favor. Então? O senhor está interessado em nosso produto?
- Err... Pra ser sincero... Eu...
- O que é isso? Não precisa ter vergonha. Hoje esse é um produto muito procurado.
- Mas esse é o motivo de eu ter entrado aqui. Eu fiquei meio confuso. Vocês estão vendendo tempo?
- Isso! Como pode ver ainda estamos apenas começando o negócio. Mas é muito promissor! Tempo será o petróleo do século XXI!
- Mas... Vender? Como podem?
- É fácil! Nós compramos o tempo que seria desperdiçado, classificamos e depois o vendemos com uma pequena margem de lucro.
- Mas...?
- Chega de “mas”! Você entendeu direito. E, além disso, me parece que o senhor é uma pessoa que precisa de um tempinho extra.
- É... Pensando bem, eu poderia aproveitar alguns minutos a mais na cama e...
- Mas isso é ótimo! Os minutos de sono estão em promoção esta semana. Ao comprar o pacote receberá gratuitamente minutos para terminar de assistir o jornal da manhã.
- Mas...
- De novo com esse “mas”!
- Eu pensava que todo o tempo fosse igual.
- Não, não. Esse é um erro comum das pessoas. Elas acreditam que o tempo é o mesmo para todos, mas não é. Não se pode crer que o tempo que gasta num banho quente no inverno tem a mesma importância que o tempo que gasta com sua avozinha que está enferma. O tempo de um engenheiro não é o mesmo de um pedreiro. O tempo é diferente para cada pessoa e em cada situação.
- Mas isso é errado! Deus nos fez todos iguais!
- Deus, Deus, Deus! Imagine se Deus tivesse mais alguns dias. Tudo o que ele poderia ter feito!
- Isso é uma besteira! Eu não tenho tempo para ficar aqui ouvindo isso!
- Claro que não tem! Se tivesse não estaria aqui comprando, mas vendendo seu tempo.
- Basta! Você é louco!
- E a sua compra do pacote de minutos de sono?
- Que compra que nada! Vou embora daqui agora mesmo. Louco!
- Se é o que o senhor deseja. Estaremos aguardando o seu retorno.

***

- Bom dia! Vejo que pensou melhor no assunto.
- Sim... Sabe como é? Estive pensando...
- Sim, sim. Continue.
- E tenho estado muito atarefado... Muito trabalho... Pouco sono...
- Sim, sim. !Rápido, que tempo é dinheiro!
- Eu gostaria de adquirir o seu produto...
- Claro que gostaria!
- E estou interessado naquele pacote para sono...
- Porém a promoção daquele pacote acabou. Agora há outra em que oferecemos tempo para...
- Eu quero aquele pacote da promoção de tempo de sono!
- Ok, ok! Calma. Aquele pacote era apenas para aquela ocasião. Mas podemos fazer análise para ofertar a melhor forma de aquisição de tempo. Por exemplo, temos o pacote ouro que permite...
- Chega! Eu quero o pacote de tempo na cama. Além disso, eu preciso de tempo para fazer meu trabalho. Eu tinha que entregar meu relatório ontem e...
- Ahhhhh! Sinto muito, mas não trabalhamos com tempo passado.
- Como não? Então como vou usar tempo que vou comprar? Eu quero mais tempo para fazer o que não pude.
- Porém oferecemos tempo apenas para utilizar em atividades futuras.
- Mas como saberei que vou a precisar de mais tempo em atividades futuras?
- Isso é fácil. Você terá que se organizar melhor.
- Se eu soubesse me organizar eu não necessitaria de mais tempo! Estou aqui justamente porque não consigo me organizar com o tempo que tenho.
- Nesse caso podemos oferecer mais tempo para pedir desculpas pelo atraso.
- Não! Você não me entendeu. Não quero pedir desculpas. Quero fazer as minhas coisas, ficar com minha família, dormir tranqüilo. Só quero mais tempo!
- Calma. Calma. Não há motivo para o senhor ficar alterado. Aqui justamente vendemos esse tempo. Tudo o que precisa é se programar melhor. Comprar somente o tempo que irá usar. Até porque não aceitamos devoluções.
- Mas isso é loucura! Eu só quero mais tempo! Como posso ter mais tempo se tenho que gastá-lo planejando como usar?
- Veja bem. Não é tão complicado. Pegue o dinheiro, por exemplo. É preciso gastar dinheiro para que possa mantê-lo. É preciso investir dinheiro para ganhar mais dinheiro. O mesmo ocorre com o tempo. Precisa passar um tempo planejando para que consiga utilizar da melhor forma. Tempo é dinheiro!
- Não! Não pode ser! Para ter tempo tenho que gastá-lo? Isso é um círculo vicioso! Assim nunca terei tempo!
- Olha, o senhor está muito agitado. Acredito que o melhor agora é o senhor ir pra casa e relaxar. Aproveite e leve um pouco de tempo para pensar no assunto. Essa é por conta da casa. A primeira sempre é de graça.

Iniciando o backlog

Geralmente tenho umas idéias que acho legais, mas não sei trabalhá-las. De vez em quando elas se perdem e fico com aquela sensação de ter deixado passar uma baita idéia. Resolvi ir colocando essas idéias por aqui. Quem sabe um dia eu tenho uma idéia do que fazer com elas ?