quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Hospital da Morte

Em 2126 o valor da vida humana já não tinha tanto valor e as legislações haviam mudado, por reivindicação do próprio povo.

O mundo estava mais superlotado que nunca. O desemprego estava em alta e já não havia perspectivas de um mundo melhor para pelo menos dois terços da população do planeta.

M. trabalhava de segunda a sábado e às vezes fazia plantões no Hospital da Morte. Ela era uma enfermeira especializada em morte. Conversava com os pacientes para assegurar que estavam prontos para a injeção letal. Não tentava convencê-los a continuar vivendo e nem a morrer. Apenas os ouvia para ter certeza de que era o que eles queriam. Havia começado em um setor burocrático do Hospital, coletando assinaturas em declarações que atestavam a vontade de o paciente morrer, mas depois fora promovida para um setor que achava mais interessante. Tendo mais tempo com os pacientes, podia ouvir várias histórias de vida e o que os motivava a decidir por aquele tipo de morte.